Puro Otaku: Primeiras impressões - Nagi no Asukara

14 de out. de 2013

Primeiras impressões - Nagi no Asukara


Atenção: esse artigo se focará apenas nos primeiros episódios do anime, então não esperem nada como "review".

Eis que mais uma temporada de animes se iniciou. Vou ser sincero: eu não pretendia ver nenhum anime dessa temporada porque eu estou cheio de coisas pra fazer, além de estar lidando com a tradução de Freezing Vibration (ESTAMOS NA ANBIENT, BITCHES!), revisão e lançamento de Ore no Imouto 2, além de diversos outros projetos pessoais nos quais estou envolvido e que simplesmente não tenho o que falar por aqui, por serem trabalhos de escola e coisas do tipo. A temporada de outono é mesmo a mais complicada para mim na questão tempo, mas aproveitando o feriadão, eu resolvi seguir a dica da Kaori e assisti a Nagi no Asukara. O resultado? Você confere depois do clique. ;)

Nagi no Asukara, produzido pela P.A. Works (o mesmo estúdio que produziu Angel Beats e Another) é um slice of life com um conceito diferente. Se você acha que os animes do gênero cotidiano e escolinha que estão por aí no mercado são fracos, e os únicos que realmente valem a pena são K-On e Lucky Star, você precisa ver esse anime. Na verdade, Nagi no Asukara não foge da mesmisse de animes slice of life. A diferença fica na maneira como todo o mundo é construído e apresentado para o telespectador.
No passado, todos os seres humanos viviam no fundo do mar. Porém, devido a curiosidade que foi dada a essa raça, alguns resolveram subir até a superfície para lá habitar, mas aqueles que saíram do fundo do mar, perderam uma característica: a pele úmida, que nada mais é do que a capacidade de respirar dentro da água e a própria pele ser mais lisa e brilhante, devido a presença do sal. Voltando aos tempos modernos, quatro adolescentes nos são apresentados: Hikari, Manaka, Chisaki e Kaname. Recentemente, a escola em que essas quatro crianças estudam foi fechada, e eles são obrigados a ter de subir à superfície todos os dias para poderem assistir às aulas, e então, a aventura começa.
Plot bobinho né? Engano seu. Em apenas dois episódios, a história escrita pelo Project-118 se mostrou mais consistente e muito mais funda do que simples estudantes que têm que se deslocar de suas casinhas no fundo do mar para poderem assistir aulas. E é exatamente sobre isso que eu vou falar agora.

Logo no começo do anime, temos o Hikari todo estressado e apressado, porque tem que buscar a Manaka para enfrentarem o primeiro dia de aula na superfície. A Akari, irmã dele, até faz um comentário perguntando como é que os dois não se enjoavam e como conseguiam ficar mais íntimos a cada dia e logo em seguida, já temos a resposta do protagonista "Cale-se!", revelando que ele gosta mesmo de tal personagem. Quando esse tipo de coisa acontece de cara no primeiro episódio, acontece lá no meio ou finzinho, mas aqui eles resolveram agir de maneira diferente: expôr no início quem gosta de quem. Até tem um pedacinho dele se justificando porque protege tanto a Manaka, dizendo que ela é atrapalhada demais e que se não fizer isso, ela vai acabar caindo em mãos erradas e coisa do tipo, mas é só uma justificativa de quem não consegue admitir o quanto gosta de outra pessoa. Outro problema que já fica explícito bem no início do anime, é que o Hikari não consegue conter suas emoções: ele nutre uma raiva (ou ódio) dentro de si, e acaba descontando em todos os seus colegas e tudo fica ainda pior quando ele sente ciúmes. Mas calma que eu já chego na parte dos ciúmes. Continuemos.


Ao chegarem na superfície, pode-se notar o preconceito que todos os outros alunos têm pelos quatro estudantes recém-transferidos. Dizem que eles fedem a peixe, os chamam de sardinhas e coisas assim, mas, diferentemente do que acontece na maioria dos outros animes, aqui, os personagens não são tão bonzinhos assim, ou pelo menos o Hikari não. Por algum motivo, ele devolve todo o preconceito que sofre para todos os outros alunos, pagando com a mesma moeda. Na apresentação deles, na frente de todos na sala, quando os colegas começam a rir da cara deles, ele já diz "Olha só que fedor! É que vocês da superfície fedem todos a porco! Prazer, oinc, oinc!" — Parabéns, vocês conseguiram reunir as características raivoso, ciumento, preconceituoso e zueiro em um único personagem. Ele já possui algum perfil no Facebook? — Mas como sempre, o personagem que se senta ao lado da janela, fica em destaque. Ele não esboça nenhuma reação assim que o Hikari zoa todos os humanos que vivem em terra firme e também não dá sinal de que possui algum preconceito com eles, mas, como neste momento o anime não nos dá muita informação sobre ele, podemos deixar para mais tarde.

Terminado o primeiro dia de aula, os quatro voltam para o fundo do mar e, como o fogo sagrado havia acabado (eu esqueci de mencionar, eles possuem FOGO no mar, o que não é nem um pouco retardado), precisaram procurar o Uroko, que é um tipo de braço-direito do deus do mar. A Manaka levou um tipo de sopa com bambu (BAMBU) pra ele, e ele diz que o cheiro é delicioso, porém, não o da sopa, e sim o da Manaka, dizendo que ela tem cheiro de fêmea. Ela se assusta, joga a sopa na cara do Uroko e sai correndo, aí o Hikari pergunta "como assim cheiro de fêmea?" e a resposta não poderia ser melhor: "é época de acasalamento." Agora você entende o motivo dos ciúmes do Hikari, não? Os humanos que vivem no fundo do mar, são tratados como bichos até por eles mesmos. A zoomorfização está presente nesse anime o tempo inteiro. Às vezes, na verdade, eu até acho que o anime quer ofender o telespectador com essas características que utiliza na sua narrativa. Em apenas dois episódios, o verbo "peidar" foi repetido no mínimo umas cinco vezes, em situações que seriam no MÍNIMO constrangedoras para qualquer pessoa, já que sempre havia mais gente por perto. Mas não digo que isso seja algo ruim deste anime, muito pelo contrário: as pessoas acostumaram-se a pegar obras recentes e não encontrar nenhum palavrão, ou caso encontrem, são apenas aqueles que expressam raiva ou xingamento. Aqui, as ações que são mal-vistas pelos seres humanos, mas que ainda assim são naturais de qualquer pessoa, são tratadas com naturalidade, como se fosse a coisa mais normal do mundo (o que é, mas tentamos evitar expor essas coisas).


Pois bem, o Uroko acaba jogando uma maldição na Manaka e um peixe nasce no joelho dela. Não me pergunte se isso tem sentido, porque não tem. E é justamente esse o peixe que peida. Ela até diz que não iria a escola devido a isso, mas o Hikari cobre o peixe com um pano azul e faz ela ir de qualquer jeito. Na escola, prontas para irem embora, as garotas cercam a Manaka e ficam alisando a pele dela, pra sentir a tal da pele úmida que só os habitantes do mar possuem. O problema, é que ela é tímida e começa a se debater, até que ela bate sem querer o joelho em que estava o peixe e ele peida novamente. Aí ela sai correndo de vergonha e, de tanto correr, acaba na entrada da floresta, com a sua pele começando a ressecar e com ela tendo problemas para continuar respirando, devido à pele. O Hikari fica desesperado, tentando encontrá-la, mas simplesmente não consegue, começando a ficar com a pele ressecada e tendo problemas para respirar também. E é AÍ onde as relações não correspondidas começam.


Lembra do cara que se destaca porque se senta do lado da janela? Então. Ele encontra a Manaka e leva ela pra casa, mergulhando-a numa banheira com água e muito sal, para que ela possa se hidratar. Ele fica observando ela ali, até que um barulho estranho começa a ser ouvido. Ele tira o pano do joelho dela e vê o peixe que tá ali, com a maior naturalidade do mundo. A Manaka acorda, ele pergunta se ela está bem mas ele diz uma coisa que vai determinar o episódio dois: "Não precisa esconder o seu peixe, eu gostei dele."

Cara, CARA! A menina se apaixonou por ele! Tipo, sabe toda a amizade e os laços que ela e o Hikari construíram ao longo dos anos, e mesmo ele sendo um desgraçado que trata ela mal, mas que ainda assim gosta muito dela, conseguindo ficarem íntimos depois de tanto tempo? Então, ESQUECE 'ssabagaça. Ela se apaixonou por um cara que apenas foi gentil com ela assim que o conheceu. Ou talvez seja por causa da época de acasalamento? Não sei, aí você vai ter que assistir pra descobrir. :v

Tenho que confessar que esse é um dos melhores animes que já assisti, e afirmo  novamente, que é o segundo melhor da temporada, só perdendo pra Kill la Kill. A maneira como a narrativa é contada, a forma com que o mundo do anime foi construído e se mantém consistente o tempo todo, a presença da zoomorfização (que é uma característica presente em obras literárias incríveis, como em O Cortiço), a trilha sonora seguir totalmente a temática do anime (o tema de encerramento é uma música em que o ritmo lembra muito o barulho feito pelas ondas do mar sendo quebradas), TUDO é simplesmente muito bem feito. O meu único problema é que todos os personagens se parecem muito com outros de obras já existentes, como personagens de Ano Hana e Little Busters.

E você, assistiu Nagi no Asukara? Se sim, deixe a sua opinião sobre o anime aí nos comentários. Eu adoraria iniciar uma discussão saudável sobre o anime. :)